Pense nessas possibilidades: enquanto o empreendedor trabalha remotamente, em outro endereço sua empresa está funcionando a pleno vapor, ou então, várias empresas funcionando em um mesmo espaço, trocando contatos, cooperando e dividindo despesas. Na verdade, esses espaços existem, e já começam a ganhar visibilidade e despontar como tendência no Brasil. Os escritórios virtuais e co-workings, como são conhecidos, se concentram na Região Sudeste e estão a cada dia conquistando mais profissionais liberais e empresas de diferentes portes que desejam reduzir despesas e evitar burocracias na hora de montar um escritório.
Os escritórios virtuais são serviços que oferecem linha telefônica exclusiva com atendimento bilíngue, endereço fiscal e comercial, e salas mobiliadas fixas ou para uso eventual, utilizadas para realizar reuniões, conference calls ou atendimento a clientes. De acordo com Kiki Lessa, diretora da BQ Escritórios, que oferece esse tipo de serviço no Rio de Janeiro e em Macaé, o serviço consiste em basicamente aplicar o conceito de apart-hotel ao escritório, porém, com uma economia que chega a 80%.
“Cada vez mais clientes e fornecedores têm percebido as mudanças e a crescente adesão das empresas e de empreendedores a escritórios mais flexíveis e fluidos. As salas corporativas tradicionais não estão exatamente com os dias contados, mas a tendência no mundo dos negócios tem ido em direção a modelos de trabalho remoto, com uso de espaços convencionais apenas em situações pontuais. Em menos de 48 horas a empresa tem endereço próprio e acesso à estrutura física quando precisar” destaca.
A empresa que Kiki atua, já conta com 250 clientes de escritórios virtuais, e oferece ainda serviços cobrados à parte, como sala de videoconferência, office boy, digitação, impressão, web conferência, serviço de secretariado, entre outros. Para quem deseja apenas o serviço de atendimento telefônico, recebimento de recados e utilização de endereço comercial. O custo médio por mês é R$ 322 uma economia que pode chegar a 70% em relação a um espaço tradicional.
Em meados do ano 2000, já com quase 40 associados, surgia a denominação Escritórios Virtuais. Em sua primeira década, o segmento passou a ser muito difundido, tendo sido reconhecido pelo governo por meio do IBGE e contemplado com uma denominação específica no CNAE que é o código nacional de atividades. O seguimento continuou se expandindo pelo Brasil, e hoje estima-se que são aproximadamente 1.000 centros de negócios.
A partir de 2010, começou a surgir uma nova modalidade, denominada co-working, que consistia em grandes áreas que agrupavam em média 30 a 40 profissionais, compartilhando um mesmo espaço de trabalho.
“A filosofia desses novos espaços era de gerarem uma grande sinergia entre estes profissionais, uma vez que estes poderiam realizar negociações entre estes e até mesmo se cotizarem como parceiros para atenderem a uma demanda específica. Nos dias atuais é evidente que em um primeiro momento os empreendedores e ‘startups’ se adaptam muito bem a esse modelo” afirma Ernisio Martines Dias, presidente da Ancev.
O empreendedor Arthur Vieira Martins, de 25 anos, descobriu a possibilidade de atuar no mercado através de um escritório virtual, durante uma pesquisa por alternativas ao aluguel de um escritório físico. A empresa de Martins oferece consultoria e assistência destinada a estrangeiros e nacionais em relação a imigração e emigração, um trabalho que, segundo ele, se adaptou bem ao escritório virtual.
“Decidimos pelo escritório virtual, pois possui requisitos básicos ao empreendedorismo e os serviços oferecidos substituem a necessidade de um escritório físico por um preço bem menor. No entanto, acredito que em negócios que dependam da apresentação e vendas não se adaptem tanto” afirma.
De acordo com a Associação Nacional dos Centros de Negócios e Escritórios Virtuais (ANCNev), que possui mais de 80 associados, estima-se que o setor cresce 30% ao ano, e na região sudeste, onde a maioria dessas empresas está concentrada, existem hoje mais de 260 desses centros de negócios.
Em Niterói, há um ano já existe uma empresa que trabalha com o co-working. O formato, que nasceu nos Estados Unidos, ainda não é muito conhecido por aqui, ainda assim, já começa a fazer sucesso uma vez que reduz custos e proporciona contatos profissionais.
“É um novo formato de escritório, que surgiu em São Francisco na Califórnia, onde os usuários compartilham, além do espaço, os recursos que normalmente compõem um escritório convencional. Em alguns casos a economia pode chegar a 70%. As vantagens são inúmeras, como a redução de custos pois tudo é rateado pela pessoas que trabalham juntas, desde a internet, passando pela energia e IPTU”, explica Sérgio Sales, proprietário da NitOffice Co-Working.
De acordo com Sales, o perfil de profissionais que utilizam esse serviço, normalmente é de profissionais liberais como advogados, programadores, corretores, produtor cultural, entre outros. Para ele, o co-working só não é indicado para profissionais que precisam de total privacidade, e empresas que demandem de uma estrutura maior.
“Os planos são mensais. A partir de R$ 290,00 por mês o usuário do nosso espaço conta com os serviços de escritório. Com R$ 680,00 é possível ter salas exclusivas. O modelo ainda é pouco difundido, mas apostamos no crescimento deste segmento em função de sua grande viabilidade”, ressalta o empresário.
O Fluminense – Rio de Janeiro
Por: Ulisses Dávila