Há três anos, mais ou menos, ouvíamos boas expectativas para o Brasil em relação a crescimento. Os ventos estavam favoráveis, a imagem econômica de nosso país estava melhor e isso gerou expectativas. O que fez com que muitas empresas – principalmente as médias – buscassem financiamentos para melhorias na infraestrutura, além de novos equipamentos e contratações. Com isso, assumiram o compromisso de pagamentos a longo prazo.
O que não se esperava era justamente que esse crescimento não acontecesse. O cenário final era: empresas altamente endividadas, com mesmo porte – ou até menor, em decorrência da crise – e um mercado desacelerado.
Mas então, o que fazer?
Nos últimos tempos tem aumentado consideravelmente o número de empresas em busca de consultorias para solucionar questões do gênero. Felizmente! Os empresários abriram os olhos para ver que, nem sempre, ‘santo de casa faz milagre’. Enxergar o problema é um fato, mas identificar, à fundo, os passos que foram incorretos e achar uma solução, isso é para especialista. Vale ressaltar que, assim como um doente, cada empresa precisa de um diagnóstico sob medida. É um investimento necessário, para manter a saúde de um patrimônio construído em anos de trabalho e que pode estar em risco.
Analisando então essa situação há dois pilares que devem ser considerados e trabalhados simultaneamente:
1) Na estrutura de capital (estrutura de capital é a relação que a empresa tem de capital próprio, capital de terceiros/endividamento e sua linha do tempo, ou seja, prazos de pagamento): Basicamente neste ponto, respondendo na questão acima, esperou-se que a empresa crescesse e com isso, sua capacidade de pagamento também. Assim, assumiu compromissos para essas capacidade, o que não aconteceu. Então podem ser necessários o alongamento dessa dívida, uma nova captação de recursos, um aporte de capital dos sócios ou de um investidor novo, ou mesmo todas as decisões listadas combinadas, afim de se encontrar o equilíbrio ideal para fazer a dívida “voltar a caber no bolso, que encolheu ou não cresceu” e,
2) Reestruturação operacional: Essa é mais complexa por envolver muitas variáveis, como por exemplo: Meus produtos ou serviços geram margem de contribuição adequada? Compro e vendo pelo preço certo? É necessário analisar. Meu ciclo de capital de giro, ou seja, o prazo que eu tenho para pagar e o prazo que estou dando a meus clientes para receber, está correto? É o melhor para minha empresa? Meus custos operacionais e despesas gerais são os melhores possíveis para minha operação? O resultado de tudo isso é a geração de riquezas (ou prejuízo). É o que me dará capacidade de pagar os compromissos assumidos, como os financiamentos tratados no primeiro pilar exemplificado acima.
O que acontece em muitos casos – para não dizer, a maioria – é que as empresas passam a gerar mais resultados após sua reestruturação. As modificações severas são necessárias para que a empresa volte a gerar lucro.
Por isso minha recomendação é buscar ajuda de um profissional com histórico em reestruturações. Esse conhecimento é específico. Mesmo em uma faculdade de administração de empresas, ainda não temos uma disciplina na qual ensinem aos alunos a gerir uma crise – infelizmente. O que se transmite é compra por 1 e vende por 2, com a diferença pagamos custos e o restante é lucro. Mas, e se no decorrer da transação a conta já está negativa? Como proceder? Por essa razão que um profissional com vivencia na área pode lhe trazer melhores resultados e indicar os melhores passos.
Lembre-se: você pode tomar o remédio para a dor de cabeça, quando na realidade precisaria de uma cirurgia emergencial. O resultado de um passo errado pode ser desastroso!
Douglas Duek é sócio-diretor da Quist Investimentos, boutique financeira, especialista em consultoria sobre saúde financeira no mercado corporativo. Para mais informações acesse www.quist.com.br
Fonte: http://www.administradores.com.br/noticias/negocios/artigo-quando-reestruturar-e-o-melhor-remedio/91065/